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Porque dizemos ‘Vota em Lula’

A Liga pela Quinta Internacional não vê Lula enquanto um socialista, mas os trabalhadores e camponeses devem votar em Lula com o fim de por em prática as suas exigências, expondo-o a uma pressão vinda de baixo.

O último comício de campanha de Luis Inácio da Silva antes da primeira volta das eleições foi realizado perante uma audiência de trabalhadores industriais de São Paulo, onde, como metalúrgico e líder sindical, ele mesmo liderou uma série de greves ilegais há 25 anos.

Walter Gerónimo, um trabalhador da fábrica Ford disse: “Se ele ganhar, teremos um de nós em Brasília. Vamos recuperar muitas das conquistas que temos perdido nos últimos anos”.

Geraldo Brás, um soldador na fábrica da Volkswagen, ecoou as ilusões do líder do Partido dos Trabalhadores. “Lula é a única esperança para os pobres, porque ele foi pobre ele mesmo, uma vez”, disse ele.

No mesmo comício, de acordo com o Financial Times, as várias fileiras de trabalhadores que escutavam cada palavra de Lula com entusiasmo, não foram tão acolhedoras quando o candidato a vice-presidente, o milionário da indústria têxtil José Alencar, foi apresentado. Esta cena reflecte perfeitamente as ilusões que as massas de trabalhadores têm em Lula e no PT e da desconfiança e hostilidade para com seu “domador” burguês. Os revolucionários que querem erradicar o apego dos trabalhadores ao PT precisas de uma táctica nesta eleição fundamentada nessa mesma realidade.

Apesar de sua degeneração reformista, o PT conservou a lealdade do proletariado e dos trabalhadores sem terra que desejam a mudança socialista no Brasil. Depois de uma série de contratempos na década de 1990 o partido um importante paço em frente nas eleições municipais de 2001.

O PT controla agora seis capitais, tem perfeitos em 187 cidades e está no poder em 17 municípios maiores. Controla a maior parte do círculo industrial em torno da grande São Paulo e estima-se que tenha cerca de 600 mil membros. É apoiado pela CUT, a principal federação sindical, e está intimamente associado ao MST, o poderoso movimento de trabalhadores sem-terra. Apesar das expulsões dos anos noventa é ainda possível a esquerda organizar-se abertamente dentro do partido e o PT tem uma série de tendências organizadas.

Dezenas de milhões de trabalhadores organizados e não organizados vão votar em Lula e para a mudança real. As multidões, diante de uma crise crescente, vão esperar que o PT para lhes ofereça uma vida melhor. Os sindicatos esperam mais empregos e um fim aos salários de miséria, o movimento sem-terra do MST está já exigindo uma redistribuição imediata radical de terra, as populações das favelas esperam melhorias na saúde, habitação e educação.

Todos aguardam que um governo do PT enfrente o FMI e Washington e defenda seus interesses. É com isto que os bancos internacionais e os investidores estão realmente preocupados. Será que o PT vai ser o seu agente de confiança ou será impulsionado pela sua base operária a tomar medidas contra eles?

A imposição da vontade dos milhões de apoiantes do PT sobre o governo vai depender tanto da profundidade da crise, como da liderança dada aqueles que a combatem. Os militantes do PT devem lutar imediatamente para que a sua liderança de quebre a aliança com Alencar e se alie em vez disso com os sindicatos, o MST e outras organizações de trabalhadores.

Enquanto em oposição a liderança do PT pode continuar a fazer o papel de defensor dos pobres e dos sem-terra. Revolucionários devem lutar para colocar o PT à prova enquanto no poder, de modo a mais facilmente erradicar as ilusões dos trabalhadores no PT. Sempre que possível, nas eleições do Congresso e/ ou de estado, acreditamos que os trabalhadores devem votar em candidatos do PT, mas não para os candidatos do Partido Liberal (PL) com o qual está em aliança, mesmo que isso invalide a votação.

Na eleição presidencial encorajamos o rasurar do nome do candidato a vice-presidente, José Alencar, do PL. O nosso objectivo é indicar que os trabalhadores militantes e revolucionários devem votar em Lula, mas nunca em candidatos ou partidos burguêses.

Exigimos que Lula se separe da burguesia e leve a cabo as demandas dos militantes e base do PT, CUT e MST; que repudie a dívida paga já várias vezes aos bancos imperialistas através de taxas de juros incapacitantes; que inicie uma redistribuição de terra em grande escala, legalizando as actuais ocupações de terras; e renacionalize todas as empresas privadas.

Assim o exigimos dentro do contexto da luta por um programa de acção revolucionária para organizar e unir os trabalhadores em luta com os líderes do PT / CUT / MST quando estes lutam também e sem eles quando recuam. Um tal programa tem que ter respostas para o desemprego em massa, a terrível falta de habitação, a educação deficiente e os serviços de saúde e sanitários inexistentes nas favelas.

Criar estes serviços básicos exige um plano de emergência de obras públicas financiado pelo governo. Exige o treino e emprego de dezenas de milhares de trabalhadores com um salário justo definido pelos sindicatos e sob o controle democrático dos trabalhadores e das comunidades.

Para satisfazer as necessidades básicas da classe trabalhadora (um salário mínimo decente, o subsídio de desemprego, um serviço gratuito de saúde e assim por diante) exige que o governo introduza a tributação progressiva e um largo imposto sobre a fortuna dos multimilionários do Brasil – uma das sociedades mais grosseiramente desiguais no mundo.

Para fornecer os recursos e controlo de um programa desse tipo todos os serviços públicos básicos de electricidade, água, gás / óleo, transporte e assim por diante. precisam ser postas novamente sob propriedade estatal, renacionalizadas sem compensação e colocadas sob controle dos trabalhadores e usuários.

O mesmo deve acontecer com qualquer empresa tentando reduzir a produção ou despedindo os seus trabalhadores. O crescimento do número de sem-terra e pequenos agricultores pobres precisa ser solucionado pela expropriação dos latifundiários e da redistribuição de terras para os sem-terra. Os pequenos produtores precisam ser fornecidos com crédito barato, máquinas e fertilizantes. As cooperativas, apoiadas pelo governo, precisam ser organizadas.

Tais medidas seriam apenas o início de uma transformação real do Brasil. Mesmo assim, estas provocariam uma reacção imediata dos capitalistas internacionais e seus agentes no Brasil. Os trabalhadores teriam de enfrentar a sabotagem financeira, as greves de investimento, encerramentos em massa, bloqueios internacionais e mobilizações por parte dos empregadores contra um governo que ousou tomar tais medidas.

Só um governo revolucionário de trabalhadores, um que esteja preparado para confiar e armar as massas, um governo que esteja determinado a destruir o sistema capitalista que condena a milhares de brasileiros à pobreza, será capaz de derrotar tal investida.

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